Recentemente, um caso de assédio sexual no ambiente de trabalho repercutiu amplamente na mídia e redes sociais a partir do relato da vítima. A mulher, que trabalhava como vendedora em uma grande operadora de telefonia, denunciou à polícia que foi demitida por justa causa após denunciar, através dos canais oficiais da empresa, abuso sexual de seu gerente e outro colega.
Segundo depoimento da vítima, apesar de buscar o canal interno, ela jamais foi recebida ou ouvida por nenhum representante da empresa, mesmo depois de implorar por atendimento pessoal. Além disso, a denúncia vazou para o gerente: “Fui atacada, humilhada de várias formas, ameaçada e coagida, porque ele teve acesso à denúncia”.
Criar e divulgar um canal de denúncias não basta, é fundamental e obrigatório investigar tempestivamente as denúncias, principalmente aquelas que envolvem diretamente a vida de pessoas e causam, muitas vezes, impactos psicológicos e emocionais.
O que aprendemos com este triste caso, infelizmente da pior maneira possível:
- Um canal de denúncias deve assegurar a confidencialidade e o anonimato do colaborador que está denunciando. Não assegurar a integridade de um denunciante é o começo do fim de um canal de denúncias e afeta a credibilidade na empresa.
- As organizações precisam tratar com bastante atenção cada denúncia recebida, de forma a investigá-la e punir o eventual desvio de conduta com a máxima urgência possível, afastando, assim, qualquer percepção ou sensação de impunidade.
- Em casos de assédio moral e sexual a vítima precisa ser acolhida pela organização, pois esses atos causam impactos psicológicos e emocionais, muitas vezes, profundos e irreversíveis.
- Os prejuízos financeiros e de imagem da companhia podem ser enormes. Será que os demais funcionários da empresa ainda confiam neste poderoso instrumento de compliance? E os clientes? E o público em geral?
O Brasil tem um longo caminho a percorrer em defesa dos direitos humanos. Além de não termos uma cultura de denúncia, somos surpreendidos com casos como este, onde o denunciante ainda é punido.
A Resguarda é uma empresa independente que há 20 anos oferece uma gama de serviços de Linha Ética para uma comunicação anônima, confidencial e segura para todo tipo de empresas, possibilitando que funcionários, clientes e fornecedores informem fraudes, irregularidades ou mesmo expressem ideias para melhorar os processos internos da organização. Fale com um especialista da Resguarda aqui.
Por Oswaldo Basile, CEO da Trusty Consultores e representante exclusivo da Resguarda do Brasil.